Quando me tornei a primeira mulher prefeita de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, há cinco anos, percebi que não era apenas uma oportunidade para administrar a cidade que amo e me dedicar ao que escolhi fazer em minha vida. Percebi, também, que era o início de um novo caminho em um município com mais de 600 mil habitantes. Uma voz feminina, depois de sucessivos coros masculinos. Percebi que Ribeirão tinha a chance de trabalhar pela igualdade e reduzir as diferenças entre homens e mulheres. Percebi que, diariamente, travaria batalhas para mostrar que nós também merecemos nosso espaço. Conquistamos oportunidades. E estamos fazendo por merecer.
Chegar à administração é uma grande conquista, mas também um grande desafio. Me junto a um grupo de mulheres à frente de prefeituras que passam pelas mesmas grandes cobranças. Alguns, poucos, esperam que a mulher produza mais do que o homem e nos cobram muito por isso. O preconceito, infelizmente, ainda existe. Mas perde força. Nós precisamos continuar brigando para que ele acabe de uma vez.
Estou animada com as notícias que tenho visto. Ganhamos espaço no mercado de trabalho. Hoje, são 11 milhões a mais de mulheres com carteira assinada se compararmos com os números de 10 anos atrás. Nossa renda aumentou 83% no mesmo período. Uma pesquisa do IBGE, divulgada no fim do ano passado, também mostrou que nós chefiamos um número maior de casas. São dados para se comemorar e que mostram que estamos trilhando um caminho de vitórias.
Por estar em uma posição pública, me sinto, de certa forma, responsável pela defesa das mulheres. Trabalho, luto e brigo para que elas se sintam respeitadas. Faço questão de ouvi-las e dar voz a todas. E só consigo representá-las porque também me sinto representada. E muito bem representada por elas. Me inspiro nas guerreiras que encontro diariamente. Mães que cuidam dos filhos, do marido e da casa. Mulheres que dividem o tempo entre a família e o trabalho. Que lutam para ultrapassar barreiras, vencer o preconceito e para garantir seu espaço.
Conquistamos muito nos últimos anos, mas podemos conquistar mais. Nós, mulheres, temos a força e a delicadeza. A razão e a emoção. A determinação e a calma. Há um provérbio chinês que diz que cem homens podem formar um acampamento, mas é preciso uma mulher para se fazer um lar. O Brasil está cheio de Marias, Joanas, Carlas, Fernandas e tantas outras dispostas a fazerem deste lar o melhor de todos. E, no que depender de nossa determinação, este lar ficará cada vez melhor, maior e mais igualitário.
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